Dr. Sérgio Ricardo Hototian

1 - Nunca medique um alcoolista crônico com glicose ou soro glicosado sem vitaminas do complexo B, pois há risco de desenvolver estado confusional agudo;

2 - Não medique com antidepressivos tricíclicos pacientes com bloqueios de ramo, retenção urinária importante (prostatismo), glaucoma ou arritmias severas;

3 - A maioria dos antidepressivos atua após atingir a chamada faixa terapêutica. Isto implica uma ação antidepressiva esperada somente a partir da segunda semana de uso, em doses terapêuticas;

4 - A maioria dos antidepressivos, especialmente os tricíclicos, diminui o limiar de convulsão, o que requer checar os antecedentes epilépticos e, à posteriori, a opinião de uma especialista;

5 - Álcool, benzodiazepinas, barbituratos, opiáceos (do tipo morfina e heroína) levam à dependência física e psíquica com grave síndrome de abstinência, em muitos casos, quando usados de forma inadvertida – freqüente ou abusivamente;

6 - Lorazepan, bromazepan, clonazepan são ótimos medicamentos quando usados com acompanhamento especializado. Quando tomados de forma inadequada ou abusiva podem levar a dependências importantes com síndrome de abstinência severa e, em alguns casos, confusão mental, distúrbios de memória e síndromes depressivas graves;

7 - Nunca retire bruscamente benzodiazepinas ou barbituratos: risco de convulsões (principal sinal de abstinência);

8 - Evite dar receitas de barbituratos ou benzodiazepínicos sem motivo clínico aparente, ou sem indicar a revisão de um especialista;

9 - Ansiedade pode ser confundida com depressão e vice-versa. Evite medicar ininterruptamente sem a opinião de um especialista;

10 - Evite dizer coisas como: “O que você tem não é nada. É coisa da sua cabeça”, nunca subestime o sofrimento mental do paciente;

11 - Histeria não é simulação. Trata-se de uma importante síndrome psiquiátrica cujo risco de suicídio é maior do que na população normal;

12 - Nunca subestime um paciente depressivo em sua capacidade autodestrutiva, ainda mais se tiver qualquer doença crônica;

13 - Fatores correlacionados ao suicídio:

q       Sentimento de desesperança e pessimismo;

q       Presença de doença crônica (depressão, neoplasias, AIDS, doença cardiovascular severa, epilepsias, psicoses, doenças neurológicas crônicas em geral, alcoolismo, uso e abuso de outras drogas);

q       Falta de adesão ao tratamento psiquiátrico;

q       Tentativa prévia de suicídio mesmo que considerada “superficial ou teatral”;

q       Laços sociais frágeis (casamento, família e emprego têm taxas menores de suicídio);

A psiquiatria clínica, modernizada e fortalecida pelas pesquisas e estudos dos últimos dez anos, e aliada às teorias psicodinâmicas e sociais do adoecer mental, tem beneficiado um número grande de pacientes, deixando de ser a “especialidade alienista”, excluída do alcance terapêutico da medicina, para ser a especialidade médica que mais se desenvolveu na década de 90.


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