por Sergio Ricardo Hototian*
Em 01/12/06 o IBGE,Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística,lançou dados de sua última avaliação
com respeito a expectativa de vida no Brasil.
Não há dúvidas quanto ao fato,veremos, a cada ano, a
expectativa de vida aumentar.
Vários censos anteriores já apontavam para uma
progressiva tendência ao aumento da expectativa de
vida em todo o país.
No entanto o que mais nos preocupa é uma questão
ainda maior: - Estamos preparados para o impacto do
envelhecimento, a nível de saúde ,no país ?
Desde a formação do médico aos demais segmentos de
profissionais da saúde ,lembro-me que as políticas
de saúde pública no país foram voltadas para a
questão materno- infantil. Correto por um lado, mas,
por outro, ofuscaram a visão sobre a necessidade de
políticas de saúde eficazes para a já crescente
população de idosos.
O maior impacto desse fato é que as doenças típicas
da “melhor idade” aumentarão em freqüência no Brasil
de norte a sul ,de leste a oeste,em especial na
população com baixa escolaridade*2.
A mudança da pirâmide populacional, processo que em
outros países durou de 50 a 100 e até duzentos anos
para ocorrer, no Brasil ocorrerá em vinte anos.
Para os pacientes que desenvolvem o mal de
Alzheimer,doença neuro-psiquiátrica de maior relação
com o envelhecimento e grande impacto sobre a
família, o indivíduo e sociedade,ainda estamos
engatinhando e muito.
Ainda vemos e ouvimos a inverdade “doença de
Alzheimer não tem jeito”.
Os primeiros estudos que propunham o atual
tratamento para o Mal de Alzheimer ocorreram há 13
anos atrás.
Nos útimos dez anos diversos grupos de pesquisadores
no Mundo se reúnem, anualmente, em torno da
discussão de estratégias pragmáticas para tratar
desse assunto tão sério.
No Brasil a iniciativa tem sido isolada onde vemos
poucos profissionaisengajados e realmente preparados
para o diagnóstico precoce desse mal.
Pacientes idosos agitados povoam as enfermarias e
também UTIs em função de infecções banais não
diagnosticadas a tempo. Estados confusionais agudos
ainda são tratados com medicamentos antipsicóticos
por via endovenosa -prática defasada, porém,
rotineira da maioria de nossos hospitais.
É consenso, nos países desenvolvidos, que todos os
médicos reavaliem a questão da doença de Alzheimer
desde o Dignóstico,através da obrigatoriedade da
aplicação de testes de função cognitiva, até sua
abordagem medicamentosa,inclusive nos quadros
agudos.
Antes de se comemorar devemos refletir para não nos
trair mais tarde.
Em primeiro lugar o fato é que que a expectativa de
vida aumenta em função do conhecimento
epidemiológico das doenças, e do avanço diagnóstico
e terapêutico da medicina, em todo o mundo.
Em segundo lugar,o uso político da informação faz-se
“esquecendo” também que o idoso aposentado gasta em
medicamentos mais da metade de seu salário, portanto
diminuir ainda mais a aposentadoria deste setor da
população, considerando a questão Alzheimer e outros
fatos apontados ácima, será um desastre de
conseqüências maiores do que as temos hoje.
A desinformação impera e confunde todos os setores
da Sociedade Brasileira sobretudo no que tange áà
essas questões na dita “melhor idade”, porisso
ENVELHECER COM CIÊNCIA É PRECISO.
Sergio Ricardo Hototian é médico graduado pela
UNICAMP,
Psiquiatra membro do departamento de Psiquiatria
Geriátrica da ABP,Associação Brasileira de
Psiquiatria,
Mestre em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria
da FMUSP através do estudo “Identificação de
suspeitos de demência na cidade de São Paulo” fase
de rastreio de estudo epidemiológico da prevalência
de demência na cidade de São Paulo.
Fundador do Projeto “PEDIA” ENVELHECER COM CIÊNCIA. |